Aula de português

A linguagem na ponta língua,
tão fácil de falar e de entender.

A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que ela quer dizer?
(...)
O português são dois; o outro, mistério.

Carlos Drummond de Andrade

domingo, 9 de maio de 2010

Quanta discriminação!

Discriminação
Homem negro é assassinado ao tentar entrar no banco

31 de dezembro de 2006

Trabalhador negro é executado por segurança ao ser barrado na porta de uma agência do banco Itaú no Rio
O jornaleiro Jonas Eduardo Santos de Souza, , foi executado na última sexta-feira à queima roupa com um tiro no peito disparado pelo segurança da agência do banco Itaú Natalício de Souza Marins, localizada no centro do Rio de Janeiro.

Pessoas que acompanharam o ocorrido dizem que Jonas foi barrado na porta do estabelecimento, obrigado a tirar alguns objetos do bolso e, depois de obedecer ao pedido, recusou-se em tirar o cinto e a calça, exigência feita pelo segurança logo em seguida.

Segundo as testemunhas, após uma discussão dentro da agência, Jonas e o funcionário começaram a se agredir. Logo depois Jonas foi executado com um tiro no peito. Os familiares da vítima questionam o fato de o gerente da agência não ter tomado uma atitude ao ver Jonas sendo exposto ao absurdo constrangimento. Jonas era correntista da agência há 10 anos e já reclamava dos abusos do segurança que o matou. O gerente do banco ainda exigiu uma prova para constatar que a vítima era mesmo cliente do banco.

O advogado Humberto Adami convocou uma manifestação na última sexta-feira, com a família da vítima e com as entidades do movimento negro do Rio.

Os manifestantes foram para frente da agência do banco Itaú protestar, no mesmo instante que a família de Jonas distribuía cartas, explicando para a população em detalhes o fato ocorrido e as humilhações que Jonas sofreu, além do fato de o assassino não ter sido afastado do trabalho. A família reivindica a prisão imediata do responsável, que aguarda o julgamento em liberdade.

Nenhum funcionário do banco recebeu os manifestantes. Para dar continuidade à ação, foi marcada uma reunião no próximo dia três de janeiro no Sindicato dos Bancários do Rio para discutir a proposta de paralisar a agência quando se completar 30 dias da morte de Jonas.

Mesmo o segurança da agência sendo negro, a família de Jonas o acusa de racismo.

Provavelmente se fosse um homem branco e bem vestido, este sequer seria parado na porta do banco como Jonas foi. Isso é mais do que suficiente para comprovar que os negros são os mais visados, independente do local onde estiverem.,

A raça oprimida

Nesta unidade estudaremos um pouco sobre poemas românticos. E para começar com grande estilo, nada melhor do que a poesia engajada de CASTRO ALVES. Achei uma notícia interessante sobre a discrimanação racial e um poema também. Curtam sem moderação!!!
Fênix
Basta!
Chega de tentar nos induzir,
de tentar nos enganar,
de querer nos conduzir,
nos separar;
já não há porque mentir
nem mais razão para esconder
esse sorriso atravessado
de escárnio
em nossas costas esses dentes,
essas presas sempre prontas,
prontas para esfolar.
Nada há de novo sob o sol;
nada além de umas carcaças,
secos Fênix de uma raça
que suposta oprimida,
feito um sonho e pesadelo,
bem um sonho e pesadelo,
renasce para gritar.
Desde que os servos
vindos da noite
não ameacem o reinado,
senhor,
há uma grande união;
desde que os servos
vindos da noite
não disputem o seu pão,
meu senhor,
há uma grande união.
Cuide
que de fora desse circo,
lá de fora, sob o sol,
ou entre o arco do poente,
há cabeças, há carcaças,
cinzas Fênix de uma raça
que suposta oprimida,
feito um sonho e pesadelo,
bem um sonho e pesadelo,
renasce para lutar.

Paulo Colina


Quanta discriminação!

Discriminação
Homem negro é assassinado ao tentar entrar no banco

31 de dezembro de 2006

Trabalhador negro é executado por segurança ao ser barrado na porta de uma agência do banco Itaú no Rio

O jornaleiro Jonas Eduardo Santos de Souza, , foi executado na última sexta-feira à queima roupa com um tiro no peito disparado pelo segurança da agência do banco Itaú Natalício de Souza Marins, localizada no centro do Rio de Janeiro.

Pessoas que acompanharam o ocorrido dizem que Jonas foi barrado na porta do estabelecimento, obrigado a tirar alguns objetos do bolso e, depois de obedecer ao pedido, recusou-se em tirar o cinto e a calça, exigência feita pelo segurança logo em seguida.

Segundo as testemunhas, após uma discussão dentro da agência, Jonas e o funcionário começaram a se agredir. Logo depois Jonas foi executado com um tiro no peito. Os familiares da vítima questionam o fato de o gerente da agência não ter tomado uma atitude ao ver Jonas sendo exposto ao absurdo constrangimento. Jonas era correntista da agência há 10 anos e já reclamava dos abusos do segurança que o matou. O gerente do banco ainda exigiu uma prova para constatar que a vítima era mesmo cliente do banco.

O advogado Humberto Adami convocou uma manifestação na última sexta-feira, com a família da vítima e com as entidades do movimento negro do Rio.

Os manifestantes foram para frente da agência do banco Itaú protestar, no mesmo instante que a família de Jonas distribuía cartas, explicando para a população em detalhes o fato ocorrido e as humilhações que Jonas sofreu, além do fato de o assassino não ter sido afastado do trabalho. A família reivindica a prisão imediata do responsável, que aguarda o julgamento em liberdade.

Nenhum funcionário do banco recebeu os manifestantes. Para dar continuidade à ação, foi marcada uma reunião no próximo dia três de janeiro no Sindicato dos Bancários do Rio para discutir a proposta de paralisar a agência quando se completar 30 dias da morte de Jonas.

Mesmo o segurança da agência sendo negro, a família de Jonas o acusa de racismo.

Provavelmente se fosse um homem branco e bem vestido, este sequer seria parado na porta do banco como Jonas foi. Isso é mais do que suficiente para comprovar que os negros são os mais visados, independente do local onde estiverem.,

quarta-feira, 5 de maio de 2010

CITAÇÃO BELÍSSIMA DE EINSTEN

"...E nunca considerem seu estudo como uma obrigação, mas sim como uma oportunidade invejável de aprender, sobre a influência libertadora da beleza no domínio do espírito, para seu prazer pessoal e para o proveito da comunidade à qual pertencerá o seu trabalho futuro." Albert Einstein

Cálice- Chico Buarque

Cálice

Chico Buarque

Composição: Chico Buarque e Gilberto Gil
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...(2x)
Como beber
Dessa bebida amarga
Tragar a dor
Engolir a labuta
Mesmo calada a boca
Resta o peito
Silêncio na cidade
Não se escuta
De que me vale
Ser filho da santa
Melhor seria
Ser filho da outra
Outra realidade
Menos morta
Tanta mentira
Tanta força bruta...
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...
Como é difícil
Acordar calado
Se na calada da noite
Eu me dano
Quero lançar
Um grito desumano
Que é uma maneira
De ser escutado
Esse silêncio todo
Me atordoa
Atordoado
Eu permaneço atento
Na arquibancada
Prá a qualquer momento
Ver emergir
O monstro da lagoa...
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...
De muito gorda
A porca já não anda
(Cálice!)
De muito usada
A faca já não corta
Como é difícil
Pai, abrir a porta
(Cálice!)
Essa palavra
Presa na garganta
Esse pileque
Homérico no mundo
De que adianta
Ter boa vontade
Mesmo calado o peito
Resta a cuca
Dos bêbados
Do centro da cidade...
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...
Talvez o mundo
Não seja pequeno
(Cálice!)
Nem seja a vida
Um fato consumado
(Cálice!)
Quero inventar
O meu próprio pecado
(Cálice!)
Quero morrer
Do meu próprio veneno
(Pai! Cálice!)
Quero perder de vez
Tua cabeça
(Cálice!)
Minha cabeça
Perder teu juízo
(Cálice!)
Quero cheirar fumaça
De óleo diesel
(Cálice!)
Me embriagar
Até que alguém me esqueça
(Cálice!)

ANÁLISE DA MÚSICA CÁLICE

ANALISE DAS METAFORAS DA MUSICA CALICE 


“Cálice” uma das músicas mais panfletárias do Chico Buarque, somando-se o fato dele ter como parceiro a genialidade do Gil, fizeram uma grande obra. A análise é extensa por conta de que todos os versos vêm imbuídos de metáforas usadas para contar o drama da tortura no Brasil no período da ditadura militar.

(Pai, afasta de mim esse cálice)
Sintetiza uma súplica por algo que se deseja ver à distância. Boa parte da música faz uma analogia entre a Paixão de Cristo e o sofrimento vivido pela população aterrorizada com o regime autoritário. O refrão faz uma alusão à agonia de Jesus no calvário, mas a ambigüidade da palavra “cálice” em relação ao imperativo “cale-se”, remete à atuação da censura.

(De vinho tinto de sangue)
O “cálice” é um objeto que contém algo em seu interior. Na Bíblia esse conteúdo é o sangue de Cristo, na música é o sangue derramado pelas vítimas da repressão e torturas.

(Como beber dessa bebida amarga)
A metáfora do verso remete à dificuldade de aceitar um quadro social em que as pessoas eram subjugadas de forma desumana.

(Tragar a dor, engolir a labuta)
Significa a imposição de ter que agüentar a dor e aceitá-la como algo banal e corriqueiro. “Engolir a labuta” significa ter que aceitar uma condição de trabalho subumana de forma natural e passiva.

(Mesmo calada a boca, resta o peito)
Os poetas afirmam que mesmo a pessoa tendo a sua liberdade de pronunciar-se cerceada, ainda lhe resta o seu desejo, escondido e inviolável dentro do seu peito.

(Silêncio na cidade não se escuta)
O silêncio está metaforicamente relacionado à censura, que, desta forma, é entendida como uma quimera, um absurdo inexistente, porque, na medida em que o silêncio não se escuta, o silêncio não existe.

(De que me vale ser filho da santa / Melhor seria ser filho da outra)
Não fugindo à temática da religião, Chico e Gil usam de metáforas para mostrar suas descrenças naquele regime político e rebaixam a figura da “pátria mãe” à condição inferior a de uma “prostituta”, termo que fica subentendido na palavra “outra”.

(Outra realidade menos morta)
Seria uma outra realidade, na qual os homens não tivessem sua individualidade e seus direitos anulados.

(Tanta mentira, tanta força bruta)
O regime militar propagandeava que o país vivia um “milagre econômico” e todos eram obrigados a aceitar essa realidade como uma verdade absoluta.

(Como é difícil acordar calado / se na calada da noite eu me dano)
O eu-lírico admite a dificuldade de aceitar passivamente as imposições do regime, principalmente diante das torturas e pressões que eram realizadas à noite. Tudo era tão reprimido que necessitava ser feito às escondidas, de forma clandestina.

(Quero lançar um grito desumano / que é uma maneira de ser escutado)
Talvez porque ninguém escutasse as mensagens lançadas por vias pacíficas e ordeiras, uma das possibilidades, por conta de tanto desespero, seria partir para o confronto.

(Esse silêncio todo me atordoa)
Esse verso denuncia os métodos de torturas e repressão, utilizados para conseguir o silêncio das vítimas, fazendo-as perderem os sentidos.

(Atordoado, eu permaneço atento)
Mesmo atordoado o eu-lírico permanece atento, em estado de alerta para o fim dessa conjuntura, como se estivesse esperando um espetáculo que estaria por vir.

(Na arquibancada, pra a qualquer momento ver emergir o monstro da lagoa)
Entretanto, o espetáculo pode ser, ironicamente, somente o surgimento de mais um mecanismo de imposição de poder do regime, representado pelo monstro da lagoa.

(De muito gorda a porca já não anda)
Essa “porca” refere-se ao sistema ditatorial, que, de tão corrupto e ineficiente, já não funcionava. O porco também é um símbolo da gula, que está entre os sete pecados capitais, retomando a temática de religiosidade e elementos católicos.

(De muito usada a faca já não corta)
Demonstra inoperância, ou seja, mostra o desgaste de uma ferramenta política utilizada à exaustão.

(Como é difícil, pai, abrir a porta)
É expresso o apelo para que sejam diminuídas as dificuldades, mas ao mesmo tempo apresenta a tarefa como sendo muito difícil. A porta representa a saída de um contexto violento. Biblicamente, sinaliza um novo tempo.

(Essa palavra presa na garganta)
É a dificuldade para encontrar a liberdade, a livre expressão. É o desejo de falar, contar e descrever a todos a repressão que está sendo imposta.

(Esse pileque homérico no mundo)
Refere-se ao desejo de liberdade contido no peito de cada cidadão dos países vivendo sob os vários regimes autoritários existentes no mundo.

(De que adianta ter boa vontade)
É um autoquestionamento sobre a ânsia de lutar pela liberdade, uma vez que o mundo estava ao avesso. Refere-se a uma frase bíblica: “paz na terra aos homens de boa vontade”.

(Mesmo calado o peito resta a cuca dos bêbados do centro da cidade)
Mesmo sem liberdade o homem não perde a mente e pode continuar pensando.

(Talvez o mundo não seja pequeno nem seja a vida um fato consumado)
A partir deste verso o eu-lírico sugere a possibilidade de a realidade vir a ser diferente, renovando suas esperanças.

(Quero inventar o meu próprio pecado)
Expressa a vontade de libertar-se da imposição do erro por outros para recriar suas próprias regras e definir por si só, quais são seus erros, sem que outros o apontem. Tem o significado de estar fora da lei. O verbo aproxima-se do desejo urgente e real de liberdade.

(Quero morrer do meu próprio veneno)
Neste verso está implícito que ele deseja ser punido pelos erros que ele vier a praticar seguindo o seu livre-arbítrio, e não, tendo seu desejo cerceado, punido por erros que o sistema acha que ele poderá vir a cometer.

(Quero perder de vez tua cabeça / minha cabeça perder teu juízo)
Traz a idéia de que o eu-lírico deseja ter seu próprio juízo e não o do poder repressor. Quer decapitar a cabeça da ditadura e libertar-se do juízo imposto por ela, para ser dono de suas próprias idéias.

(Quero cheirar fumaça de óleo diesel / me embriagar até que alguém me esqueça)
Para encerrar, Chico e Gil usaram uma imagem forte das táticas de tortura. Para fazer com que os subjugados perdessem a noção da realidade, dentro da sala os repressores queimavam óleo diesel, cuja fumaça deixava-os embriagados. Entretanto, os subjugados também possuíam táticas antitortura, e uma das artimanhas era justamente fingir-se desmaiado, pois, enquanto nesta condição, não eram molestados pelos torturadores.

AUTOR = Sérgio Soeiro 

REVISTA LITERÁRIA1

http://issuu.com/islene/docs/memorial_da_literatura

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