Aula de português

A linguagem na ponta língua,
tão fácil de falar e de entender.

A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que ela quer dizer?
(...)
O português são dois; o outro, mistério.

Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Sherlock Holmes, novo filme de Guy Ritchie, fez sua estréia nos cinemas brasileiros no dia 8 de janeiro, trazendo curiosidade ao público em geral e um misto de ansiedade e desconfiança ao público sherlockiano. Afinal, o que esperar de um filme que se propõe a ser um blockbuster recheado de ação, tornar-se uma série, agradar ao público jovem e exaltar as habilidades de luta do detetive? Ainda por cima, com um ator que em nada se parece com o Sherlock Holmes original? Bem, podemos elevar nossas expectativas! Apesar da diferença física e de uma certa pitada humorística a mais em seu personagem, Robert Downey Jr nos apresenta um Holmes carismático que mantém a essência do que sempre tornou o detetive tão interessante – a capacidade de observação apurada, as impressionantes deduções e seu raciocínio afiado. Está tudo lá: a depressão, na ausência de casos, a ansiedade, quando tinha um à altura, as experiências químicas, os disfarces, as desconcertantes arranhadas nas cordas do violino, enquanto meditava, a admiração por Irene Adler (Rachel McAdams), a rivalidade com Lestrade, entre outras características. Downey Jr faz uma grande atuação. (...) Watson, exceto pela demasiada liberdade criativa da mente que o visualizou dando um soco em Holmes (!), está bem próximo ao descrito nos livros, e continua sendo tanto uma ajuda inestimável e inseparável do detetive, quanto o contrapeso emotivo para o homem da razão. Jude Law, fisicamente parecido com a descrição de Doyle, assume o papel de forma segura, retratando a fase em que o doutor está para se casar com Mary Morstan. No entanto, um pouco diferente da maneira em que ocorre no Cânone, onde é Holmes quem apresenta a moça a Watson, e não o contrário. Na história do longa, Holmes se vê envolvido na busca pelo vilão Lorde Blackwood (Mark Strong) e na investigação para chegar a tempo de salvar as próximas vítimas. Ocultismo, seitas secretas e rituais de magia dão o tom ao filme e acrescentam mais suspense à trama. O enredo é bem amarrado e conta com as explicações didáticas de Holmes no final. Aqueles já acostumados à engenhosidade dos casos do Cânone não terão grande dificuldade em se antecipar a algumas das revelações, e o filme talvez não seja tão imprevisível, mas, ainda assim, a diversão está garantida. Professor Moriarty, sem ter o rosto revelado, dá o gancho para o próximo filme da série. (...) A adaptação de Guy Ritchie presta uma homenagem decente à obra de Doyle, apesar das diferenças e liberdades. Moderniza-a e a adapta ao século XXI com respeito. Deve agradar tanto aos novatos no universo sherlockiano quanto aos fãs incondicionais. Que venham os próximos! http://www.sherlockbrasil.com/

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